"Do Mar para a Terra"
A dura jornada de trabalho nos navios de cruzeiro é aproveitada em hotéis de todo o país
Para os profissionais que desembarcaram em terras tupiniquins, seja por quaisquer motivos, uma coisa é certa: a experiência da mão-de-obra em cruzeiro é extremamente valorizada por gerentes de hotéis, de acordo com especialistas no ramo.
"Considerando o departamento hoteleiro de bordo, o profissional é capaz de atuar em hotéis, pois além do treinamento intenso que recebe a bordo, trabalha sob a bandeira contínua de excelência no atendimento e na qualidade dos serviços", afirmou Bráulio Candian Junior, de 51 anos, 20 deles dedicados em cruzeiros marítimos.
Independente da área de contratação, o fluxo do segmento hoteleiro deve atentar para esses diferenciais. De acordo com Candian Junior, o ponto que talvez iniba a migração do oficio em cruzeiros para hotéis é a remuneração paga nos navios. Para se ter uma idéia, um assistente de cozinheiro, dependendo do navio, recebe um salário médio de US$ 1.700 a US$ 2.000, ou seja, R$ 3.400 a R$ 5.000, muito longe dos padrões brasileiros
Se comparada a outros países, a contratação de capital humano no Brasil se posiciona inferior em relação a outros países, principalmente por causa da lei que obriga empresas marítimas a contratarem 30% da mão-de-obra brasileira, ao invés de permitir que haja uma liberdade de contratação. "O problema é que a lei impõe, mas não há pessoas capacitadas o suficiente para suprir a demanda rotativa dos navios", apontou Candian Junior.
A única crítica, na visão do especialista, é que os hotéis, de um modo geral, ainda permanecem com a cultura do século 19 e, muitas vezes, não incentivam a criatividade e inovação com a política de gestão de pessoas.
Para os hotéis, as rotinas do empregado são bem parecidas com as do navio. A diferença está na intensidade dos serviços, devido ao volume de hóspedes que uma embarcação recebe semanalmente. "A alta taxa de ocupação, que varia entre 85 a 95% ao ano é muito diferente da hoteleira, que gira em torno de 58% ao ano", explicou.
(extraído de Revista Quem Indica)